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Aceite: sua marca não é só sua

O desejo pelo controle extremo levou muitos empresários a buscarem um modelo de gestão que enaltece o planejamento administrativo, mas oprime as imprevisibilidades que são inerentes a qualquer relação social.E sim, sua empresa não é um elemento descolocado da sociedade. Consequentemente, será exigido dela um diálogo com outros grupos. Esteja pronto para conversar

Não estou aqui levantando uma bandeira anarquista e rejeitando qualquer possibilidade estratégica de uma empresa. Pelo contrário, se seu negócio não é norteado por um plano de ações, certamente você começará a atirar para todos os lados. E aqui reside o maior problema. Quando não se sabe para onde ir, qualquer caminho passa a valer a pena e minha dúvida é: será que sua empresa pode se dar ao luxo de escolher qualquer caminho?

Falo de outra coisa. O que trato aqui é de um tema dolorido, porém importante. Do mesmo modo que você tem suas estratégias de negócios, bem definidas, construídas a portas fechadas com toda sua equipe de gestores, o seu cliente, aquele que você nem imagina a capacidade intelectual de escolhas, também tem suas estratégias de relacionamento.

Reza a lenda que, durante a copa de 1958, o técnico da seleção brasileira desenhou uma estratégia perfeita durante a sua preleção. Garrincha ao assistir aquilo tudo, teria perguntado ao treinador: “Ok, nós entendemos muito bem. Mas você já combinou isso com o time adversário?”.

O processo de comunicação é bem parecido com isso. Se comunicação é relacionamento e toda relação é uma disputa de força, logo, comunicação também é uma disputa, só que de outras coisas: sentidos, estratégias, intencionalidades, poder. Quem dera se o processo de convencimento, sedução e identificação, através da comunicação, fosse uma fórmula pronta e acabada. Eu nem precisaria escrever este texto. Bastava ditar umas regras facilmente aplicáveis e pronto! Você poderia curtir seu sucesso para sempre.

Mas venho lhe dizer que infelizmente não é assim. Quem está do outro lado das suas estratégias, seus clientes e prospects, é um ser pensante que tem a autonomia de escolher ser o seu alvo e daí cai por terra aquela ideia de um consumidor passivo que fica esperando ser atingido por sua estratégia. E o agravante disso se deu mais recentemente, na era digital. Hoje, as mesmas plataformas que as empresas usam para suas ações de comunicação são as que os clientes também usam. E, pasme, agora eles querem conversar, duvidar, debater, serem ouvidos. Querem fazer parte de sua marca. Compartilhar coisas, participar do negócio e dar ideias. Veja que incrível isso! Seu cliente, aquele que você via como uma tábua rasa que aceita qualquer coisa, agora está disposto a te ajudar a ter ideias! Então, para que ignorá-lo? Para que viver no mundo da fantasia dos consensos se os dissensos podem ser muito mais ricos e proveitosos para seus negócios. Entregue sua marca também a eles! Obviamente isso exigirá de você um movimento de abertura e humildade, mas que mal há nisso?

Enfim, essa entidade simbólica, que chamamos de marca e traz consigo valores, sentidos e significados não é só sua. Ela se completa no outro, naquele ao qual ela tenta se dirigir e também aqueles que ela não se dirige também. Em outras palavras, sua marca não tem esse poder todo de ficar escolhendo com quem ela quer se relacionar. Essa é complexidade da comunicação que ficou ainda mais evidente nos pontos de contatos digitais. As pessoas não querem só ficar nas redes sociais simplesmente como ouvintes de quem sua marca é, o que ela fez, qual promoção ela tem, etc. Elas querem participar dessa construção, mesmo que negativamente. Então, pare com essa neura de querer dominar um mundo de zumbis facilmente controláveis. Isso aqui é o século XXI. Se abra ao diálogo. Convide seus grupos de interesse para participarem de suas estratégias. Crie laços emocionais entre sua marca e as pessoas. Desperte a cumplicidade. E principalmente, aceite. Depois que você colocou sua marca no mercado e ela circulou na sociedade, ela deixou de ser só sua, ela também é minha e de todo mundo.

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